Carta aberta àquela parte de você que talvez os outros não vejam

É, amiga. Chegamos na fase em que o aniversário vem e a gente foge da vela de número.
Aquela fase em que a idade já virou escala de referência internacional de metas não batidas.

A fase em que, mesmo com tanta coisa dentro da gente, o que sempre se escuta é: “Ainda não tem filhos?”
Não, ainda não tenho filhos.
Ou um: “Ainda não é casada?”.
Não, ainda não.
E você veste aquele sorriso sem graça de quem só gostaria de ser vista além das expectativas do mundo – como se as suas próprias já não pesassem o suficiente.

Nosso relógio já bate no compasso do “eu devia”:
Devia estar menos flácida, estar melhor de grana, estar casada, estar com filhos, estar arrumada, bem sucedida, mais magra, mais gorda, mais presente, menos cansada.
Também é a fase em que a gente cataria pelo cabelo nossa versão de 10 anos atrás e diria: “fica quieta e só me obedece”.
Isso porque seres humanos levam um tempo para entender quem realmente são e o que de fato importa nessa vida, e quando finalmente acontece, o medo dá a mãozinha para os anos perdidos e os dois resolvem criar um alerta diário na sua mente: “E se eu não conseguir?”.

É, amiga. Metas não batidas batem fundo na gente. E algumas delas nem nossas são.
Então faz um esforcinho e foca aqui dentro, porque do lado de fora o barulho é grande.

Dos nossos sonhos, dores, onde o calo aperta, o quanto você se esforça e o que está ao nosso alcance ou não fazer, poucos sabem.
E nessa fase, a gente bem sabe que o tempo é precioso demais pra ser perdido com um fardo que não devíamos carregar.

Então pega sua vela de número, amiga.
Cada ano a mais é um a menos rumo ao seu “eu consegui”.

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