Do “nunca fiz” à direção: 4 lições que eu aprendi quando comecei a roteirizar

Hoje é dia de voltar para a época em que essa que vos fala tinha menos juízo e mais colágeno 🤡: dia de contar a história de quando comecei a roteirizar vídeos e 4 coisinhas importantes que aprendi com isso. Se você está iniciando nessa de Roteiro, titia espera sinceramente que esse conteúdo te ajude de alguma forma; se não, espero que você chegue até o fim só pela fofoca mesmo.

Foi há mais ou menos 12 anos, quando eu trabalhava como redatora em uma agência pequena em São Paulo. Eu confesso que era um momento bem difícil da minha vida, e eu lutava há meses com uma questão pessoal que vira e mexe me fazia ir para o trabalho me sentindo uma caca. Foi aí que um belo dia o meu chefe, dono da agência, me perguntou lá de dentro da sala dele:

Nicolle, você sabe escrever Roteiro?

A pergunta veio diretona, do nada, e me deixou sem reação. Não meus amigos, eu nunca tinha escrito um Roteiro. Me lembrei do dia em que desisti de me inscrever no curso de Cinema e Audiovisual para prestar Comunicação-Jornalismo e pensei: agora se vira. Meu cérebro começou a trabalhar o mais rápido que podia pra formular uma resposta corporativa que não fosse só “não sei” e o melhor que consegui fazer naqueles milésimos de segundos foi tentar parecer capaz:

Eu nunca fiz, mas eu posso fazer.

E tive que fazer mesmo. Eu peço perdão a vocês, diáriers, porque confesso que não lembro de detalhes desse primeiro vídeo, mas lembro que comecei a procurar informações, modelos de Roteiro na web ou qualquer coisa que me ajudasse a não passar vergonha quando o chefe me perguntou se me enviar um modelo de Roteiro me ajudaria a escrever. “Com certeza!”, eu respondi, sentindo alguns quilos de dúvida saírem das minhas costas.

Quando o arquivo chegou no meu e-mail, ah…! Meus olhinhos viram, pela primeira vez, a belezinha que é um Roteiro profissional, minha gente. Estava tudo ali: a estrutura com as colunas de Tempo, Imagem e Fala, a minutagem, orientações de gravação e algumas coisas que eu nem sabia direito o que significavam. A Roteirista era uma conhecida do meu chefe que trabalhava com TV, cinema e audiovisual corporativo, e só pelo Roteiro dava pra ver que a mulher manjava do que fazia. Então fiquei ali olhando o doc, dividida entre o alívio de ter uma referência na mão e o receio de ter que escrever algo daquele tipo. Mal sabia eu que aquele não era o meu maior problema.

O plot twist: do “nunca fiz” à direção

Como falei pra vocês, realmente não me lembro de detalhes daquele primeiro projeto. Mas me lembro bem o que aconteceu depois que entreguei o Roteiro: apesar do meu medo, o chefe gostou. E ele não só gostou como, semanas depois, veio felizinho me contar que tinha fechado com um novo cliente (novo mesmo, seria nosso primeiro projeto com eles) um pacote que incluía a produção de dois vídeos: um institucional e um de onboarding. Nós não tínhamos estrutura nem equipe audiovisual na agência, ou seja: tudo terceirizado, mas os Roteiros seriam feitos pela gente. Gente eu, no caso.

Eu não tinha experiência, mas de alguma forma aquele desafio me gerou confiança: talvez pela satisfação de ter um projeto importante na mão, talvez por saber que precisavam de mim… o fato é que ali as coisas começaram a mudar – e é aí que entram as lições que eu gostaria de compartilhar com vocês:

💡 Liçãozinha 1: A zona de (des)conforto pode ser a sua virada

Ficar só naquilo que a gente já sabe fazer traz o confortozinho da segurança, é fato. Mas se eu não tivesse tido o susto/oportunidade de escrever aqueles Roteiros, talvez nunca chegasse ao que eu vivo hoje: ter um estúdio audiovisual e escrever para os nossos próprios clientes.

💡 Liçãozinha 2: Bora aprender, gentes

A primeira coisa que eu fiz quando vi que ia precisar escrever Roteiros foi ir atrás de conteúdo. Naquela época a internet e a produção audiovisual eram outras – uns 12 aninhos atrás, lembram? – então o conceito de “Roteirista” era mais restrito ao cinema, não à produção audiovisual para a internet. Os Roteiros para vídeos já existiam, claro, mas não havia muito conteúdo disponível sobre a produção em si: os diferentes tipos de Roteiros e vídeos, questões técnicas, problemas decorrentes de um Roteiro mal escrito e formatado… ter acesso àquele modelo que o chefe enviou me ajudou muito, mas não me preparou o suficiente.

Posso dizer que tudo o que eu sei, e até os tipos de Roteiro que criamos e usamos na Oneness Films hoje é sim, claro, fruto de estudo e pesquisa, mas boa parte é também resultado de anos do “aprendi na marra”: precisei fazer, fiz com o que tinha e, com os acertos e os erros, fui me desenvolvendo e entendendo o que funcionava e não funcionava no audiovisual. A boa notícia disso é que com você não precisa ser assim: titia vai ter o maior prazer em compartilhar tudo que sabe sem que você precise passar o sufoco de aprender na marra. (E agora uma pausa dramática para o meu momento propaganda):

🚨 Interrompemos a programação desse artigo para um spoiler: em breve vou compartilhar com vocês uma novidade das boas pra pessoas que querem aprender a escrever roteiros profissas e a transformar suas produções audiovisuais. Então não larga a mão de titia e nem perde a fofoca, tá?

💡 Liçãozinha 3: Sempre que possível, deixe a sua marca

Voltando aos Roteiros do cliente novo que eu precisava fazer: o nicho desse cliente era um tanto quanto formal, e a cada linha que eu escrevia, pensava: como eu vou deixar esses vídeos interessantes, como vou fazer as pessoas se surpreenderem, se identificarem?

Foi no vídeo de onboarding que eu vi uma brecha pra quebrar um pouco o protocolo. Eu sempre gostei de trabalhar com humor e com uma linguagem mais descontraída, e pensei que usar isso em um vídeo para integrar novos colaboradores talvez fosse uma boa ideia. Sugeri que contratássemos um ator, que interpretaria uma espécie de “agente do FBI” da empresa e iria apresentar as normas e políticas com uma pegada meio “stand up”. E deu certo.

Nem sempre a gente consegue ousar ou ter a liberdade criativa que gostaria, eu sei. Mas muitas vezes é justamente a sua marca, o seu jeito ou os seus pontos fortes que vão tornar aquele trabalho único e trazer os clientes mais pra perto – ainda que você esteja começando.

💡 Liçãozinha 4: Iniciativa traz oportunidades

Como eu estava escrevendo os Roteiros, vira e mexe eu perguntava para o meu chefe sobre os fornecedores parceiros (de edição, captação, do casting) e tirava dúvidas sobre como seriam as gravações. Eu acredito que ele notou o meu interesse real oficial pelo job como um todo – e não só pelos Roteiros – e, como nossa equipe era reduzida, ele foi deixando vários detalhes da pré-produção sob a minha responsabilidade. Achei ruim não, viu?

No final das contas euzinha, que mal tinha experiência em escrever os Roteiros, dirigi as duas gravações e a equipe envolvida nas diárias (a “fotinha” aí de cima do artigo é justamente desses dias). Eu acabei ficando responsável também por cuidar da pós-produção e ficar em contato a editora dos vídeos, orientando e fazendo os ajustes necessários até as entregas finais para o cliente serem feitas. Sem saber, o meu interesse e a minha iniciativa acabaram gerando oportunidades que não só me trouxeram experiência e fizeram a diferença no meu currículo, como também foram essenciais para que anos depois eu me tornasse uma empreendedora do audiovisual.


 

E esse, meus amigos, foi o meu início como Roteirista de vídeos: a história de como uma póbi Redatora que nunca tinha escrito um Roteiro acabou dirigindo duas gravações institucionais e aprendeu umas boas lições com isso. Eu espero do fundinho do coração que tenha valido seu sagrado tempo de leitura, porque desde então muita água já rolou debaixo da ponte e o que não falta são causos para as próximas edições desse Diário, tá bem?

Assim como o tema de hoje, estamos só começando. 😉

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