Todo vídeo precisa de Roteiro?

Queridos diáriers,

Vocês sabiam que cada vez que alguém diz que um vídeo “não precisa de roteiro”, morre uma espécie rara de samambaia-papagaia escandinava que impacta toda a cadeia alimentar dos peixes-boi do Mar Mediterrâneo?

Ok, essa é só minha tentativa de manipulação emocional para sensibilizar qualquer leitor anti-roteiro que tenha caído aqui. Então vamos responder essa questão com muita maturidade e isenção jornalística:

Todo vídeo precisa de Roteiro? E a minha resposta é: Depende.

Para o “depende” fazer sentido, vamos só esclarecer o que é o Roteiro. Falando de uma forma bem prática, acho que a palavra que melhor define um Roteiro é “guia”. Ele é um doc que vai guiar, direcionar, informar as pessoas envolvidas na produção sobre tudo o que precisa ser feito para que o vídeo fique exatamente como o cliente, ou o contratante, quer. Ok, agora segura essa informação aí e vamos para um segundo ponto importante sobre todo vídeo precisar ou não de roteiro: existem vídeos e vídeos.

O que eu quero dizer com isso é que dentro do meio audiovisual há um pequeno oceano de “categorias”: da propaganda ao cinema, do branded content aos nichos “pessoais” (casamentos, comemorações, eventos), dos mais informais aos mais informativos, das grandes às pequenas produções… e cada uma dessas categorias possui vários tipos de vídeos, com demandas e detalhes de produção diferentes.

Dito isso, diáriers, voltamos à minha resposta (ao por quê do “Depende”):

Um filme de casamento ou de formatura, por exemplo, provavelmente vai ser produzido sem um Roteiro (não foi o caso do vídeo do meu casamento, mas também que espécie de Roteirista eu seria se perdesse a chance de escrever para o meu próprio filme, né nóm?); por outro lado, vídeos de branded content, que têm o objetivo de transmitir mensagens de uma marca ou empresa para o público, podem virar um verdadeiro B.O. quando são produzidos sem Roteiro (leia aqui a primeira edição dessa newsletter em que eu falei sobre as tretas que podem acontecer ao produzir um vídeo sem roteiro). Quanto mais importância uma organização dá ao conteúdo, à estratégia, à estética e ao impacto de um vídeo, mais o Roteiro é necessário na produção. Resumindo: alguns tipos de vídeo certamente vão ter menos problemas que outros com a ausência de um Roteiro, mas todo vídeo se beneficia (me permitam a licença poética:) pra caramba com a presença dele.

Nem todo vídeo vai exigir um Roteiro, mas todo vídeo poderia ter um.

Agora permitam à titia explicar meu provérbio aí de cima.

Levando em conta o significado de Roteiro que eu comentei no comecinho desse papo (um “guia” que vai direcionar e informar as pessoas envolvidas sobre tudo o que precisa ser feito para que o vídeo fique exatamente como o cliente quer), eu realmente acredito, com muito respeito aos RoteiroHaters, que nem todo vídeo vai exigir um Roteiro, mas que todo vídeo poderia ter um.

Vamos pegar o exemplo dos filmes de casamento. Dá pra produzir sem Roteiro? Com certeza, e inclusive acredito que a maioria deles é produzida assim. Mas, inserindo, por exemplo, um Roteiro de Gravação e Edição na produção, é possível alinhar com os noivos, os filmmakers e o editor, em um “documento” só: pessoas e situações que não podem faltar no vídeo (ninguém vai esquecer de filmar a tia Cotinha ou o balanço de madeira que o pai da noiva ficou 79 dias construindo); todas as cenas “posadas” que eles gostariam que fossem feitas e o horário ideal pra gravar cada uma delas; letterings (frases) que podem entrar no filme e que tenham a ver com a história do casal; estilo e opções de trilha sonora e de estrutura do vídeo; a “pegada” do filme (mais romântico, mais descolado, mais tradicional?) e até aquilo que eles não gostariam que entrasse no vídeo de jeito nenhum. Se o material for ter depoimentos (falas) ou imagens gravadas fora do dia do casamento, mais um bom motivo para o Roteiro: nele também estariam as perguntas que seriam feitas, a data, local, horário e tempo médio de duração dessas gravações. Olha que belezinha!

Esse é só um exemplo de como eu acredito que mesmo as produções que não exigem Roteiro só têm a ganhar com ele. Seja mais compacto ou mais detalhado, seja profissional ou mais simples, o bichinho não quer engessar ou empacar a produção como alguns podem pensar, muito pelo contrário. Na humilde opinião da titia aqui, que inclusive já trabalhou sem Roteiro quando ainda era xóvem, enviar um Roteiro para o cliente não só agrega valor ao trabalho e à sua empresa como reflete uma produção organizada e ajuda (muito!) a evitar falhas e o bendito vai e vem de ajustes. Pesquisas recentes feitas pelo Tô Dizendo Institute (e também feedbacks de clientes aqui da Oneness) apontam que quanto mais profissa for o Roteiro, maior será o quentinho no coração de quem recebe.

Mas, de novo: quanto menos complexo o vídeo for e quanto menos etapas e pessoas estiverem envolvidas na produção, menor tende a ser o impacto negativo da ausência de um Roteiro. Então se você é um RoteiroHater ou só prefere seguir produzindo sem ele, vem cá me dar um abraço que está tudo bem, viu? (Só acho que ninguém deveria prejudicar a inocente samambaia-papagaia escandinava e toda a cadeia alimentar dos peixes-boi do Mar Mediterrâneo…)

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